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#1
 Budha

Budha
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Cena do seriado Fringe, ficção sobre o que pode acontecer quando a biotecnologia está fora de controle.

O artigo tem um vocabulário maravilhoso. Como saudáveis preocupadas
(em inglês, ‘worried well’): aquelas pessoas que estão bem mas vão ao
médico assim mesmo para ver se algo pode ser feito para torná-las ainda
mais saudáveis. Esse parece ser outro daqueles fenômenos
norte-americanos causados por abundância de tempo livre, dinheiro
sobrando e consumismo. Veja também o rico empobrecido, o burro educado e o gordo em forma.

Jason Kottke comenta um artigo da revista The New Yorker
sobre como as drogas “aditivadoras de cérebro” vêm ficando cada vez
mais populares. Vendidas sob prescrição médica, elas teriam como
finalidade melhorar o desempenho da memória, manter a pessoa acordada
por mais tempo, entre outros ditos updates de desempenho mental. Kottke
se pergunta se em breve esses procedimentos serão tão aceitos quanto as
cirurgias plásticas.

Biofuturo


O primeiro impulso é se indignar. Imagine que tipo de futuro pode
surgir quando empresas de biotecnologia disputam consumidores ingênuos
(sem conhecimento técnico), que tentam eliminar qualquer possibilidade
de frustração ou dor, por menor que seja.

O segundo é tentar ignorar que você também está nesse barco: “Ah,
como são ridículos esses hipocondríacos”. Mas, vamos pensar novamente:

1. As cirurgias estéticas não são tão aceitas assim. Mulheres
“turbinadas” de um lado são cultuadas e de outro são tidas como
ridículas. O assunto sempre acaba parando no famoso campo do cada um
cada um. Quer dizer: dependendo da sua religião, poder aquisitivo ou convicção filosófica. E, claro, das leis reguladoras de cada país (sempre burláveis).

2. O futuro infestado por consumidores de saúde já está velho. Há gente que acha até que isso começou há séculos.

Ou seja, há uma disputa de poderes bem complexa aqui. De qualquer forma, não é exatamente o surgimento de remédios que faz a diferença, mas a mentalidade por trás deles:
a de que precisamos ser indiscutivelmente saudáveis, perfeitos, sem
frustrações e dores. E sempre aparece alguém declarando que temos (ou
podemos ter) uma doença nova.

O que há de errado comigo?


Essa mentalidade está por trás de MUITA coisa. Por exemplo, livros
podem ser considerados como aditivadores de cérebro. “Ah, mas não são químicos,
então ok”. Quase. Nossos cérebro produzem reações químicas a todo
momento, inclusive durante leituras. E quanta gente morreu por causa de
ideias que adquiriu em livros?

Portanto, é estranho dizer que o desejo por “turbinar-se” e que a
hipocrondia sejam fenômenos norte-americanos recentes. Isso levaria a
quê? A campanhas contra pesquisas biológicas? A bons seriados de TV? Ou a artigos no estilo “suspeitei desde o princípio” e “não contavam com minha astúcia”?

Não pule fora do barco


Desejo por distração, medo da incerteza, vontade de “melhorar” são
emoções muito velhas. Nossos tatara-tatara-googol-avós já sofriam disso /
se divertiam com isso. Obviamente, em cada época, esses fenômenos
tiveram caras diferentes. E criaram tanto desgraças quanto os chamados
avanços culturais da humanidade.

Portanto, não podemos olhar o problema dos neuroaditivadores com preconceito.
Eu não usaria essas coisas. Mas também não vou subir no salto e
esquecer que os meus jeitos de aditivar e distrair o cérebro (livros,
internet, relacionamentos) podem ser tão perigosos quanto os químicos.

De novo, o problema está na mentalidade. Ansiedade. Achar que tudo
SEMPRE tem que dar certo. Tentar evitar frustrações a qualquer custo –
mesmo as mínimas. Procurar distrações incessantemente. Ser um
insatisfeito crônico (“se eu me esforçar / pagar, vou achar algo melhor lá fora. Desta vez vai”). E tantos outros etcéteras.

Magaiver

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