Nunca soube como me referir ao amor. No meu entender não fazia sentido falar nele se não houvesse um outro nome ao seu lado, se não existisse alguma pessoa que assegurasse a existência e veracidade de tal sentimento. Continua a não fazer sentido. Um amor sozinho não se sustenta, apenas sobrevive como memória dolorosamente presente em nós no dia-a-dia como se todos os dias nos gritassem uma lembrança, como se todas as ruas nos guiassem a lugares onde já fomos imensamente felizes, como se todos os períodos de tempo precisassem de ser constantemente contados e ligados a algum acontecimento em particular.

Já vi passar um mês, depois dois, três, quatro, cinco e chegou finalmente aos seis meses. Noutras medidas passou meio ano e é incrível como para mim pareceu muito mais; quando algo nos deixa saudades parece sempre que já nos deixou há anos e anos. E depois inevitavelmente penso no seis, nesse algarismo que tantas vezes celebrei como se fosse um feriado ou que tantas vezes quis que não existisse tal era o mal que fazia a mim mesma e pior, o mal que te fazia. Depois lembro-me que brevemente é o meu aniversário e que será a primeira vez que o passo sem ti em dois anos. É muito tempo, não é? Para ti tenho toda a certeza de que o foi, de que foi imenso tempo desperdiçado, que não valeu absolutamente nada senão sofrimento e lágrimas para o teu lado. Podia pedir-te desculpa novamente, mas não posso fazê-lo mais vez nenhuma. Não que não tenha significado mas é complicado pedir perdão a alguém que nem sequer me quer olhar nos olhos.

Talvez tenha ficado com uma opinião diferente do amor. Comecei a ver esse sentimento como algo demasiadamente momentâneo que se vive com mais do que uma pessoa, mais do que uma vez na vida. É verdade, nunca amamos somente alguém. E a prova disso foi que escolheste não me amar (não sei ao certo se desde o início ou apenas no fim). E ainda assim tentei, com todas as forças que me restaram na alma, com toda a expressividade que me sobrou na voz. Mesmo assim o choro tirou-me as forças e embargou-me as palavras e mais uma vez fracassei como tantas outras vezes. E o pior é que o fiz sempre contigo.

Tornei hábito pedir desejos e acreditar mesmo que pudessem vir a ser realizados. Daqui a uns dias tenho mais uma oportunidade para pedir um desejo e mesmo gostando de acreditar que se pode vir a concretizar por ser o meu dia de anos, estou plenamente consciente da utopia que envolve todo esse meu pedido; ter a tua amizade parece uma coisa demasiado lunática até mesmo para mim que passo metade do meu tempo a pensar no que não devo (em ti).

Então percebi que um amor só é deixado para trás quando partimos para um outro amor. Talvez tu já o tenhas feito, não sei nada de ti. Eu não o fiz e mesmo que tente sinto-me sempre presa a ti.

tão lindo, adoro a maneira como escreves, as palavras tocam mesmo a quem lê.

se precisares de falar conta connosco :D