Postado Qui 28 Jul 2011 - 15:50
Foi por ti que chorei ao escrever esta carta, foi por ti que pus a mão no passado e recuei sem medo, é engraçado ver o que mudou em mais de um ano, como crescemos, como fomos obrigados a falar de um “nós” que antes era impensado, e eu deixei de querer viver naquela roda-viva, mostraste-me como o tempo espera e fortalece as coisas mais fracas, como, quando temos paciência podemos ver e sentir coisas que não imaginávamos que existissem, é verdade que nos deixámos ir abaixo muitas vezes, mas se compararmos com as vezes em que pusemos de lado todas as mágoas, aquelas perdem o significado, separámos-nos e isso só nos fez ver o quanto precisávamos um do outro, o quanto nos queríamos, tenho de te confessar que não há um único dia em que não deseje voltar a estar contigo, estranho, há quem diga que a distância ajuda a esquecer, e quem diz isto não sente o que sentimos, somos o oposto do que as histórias de amor contam, não nos amamos de forma desmedida, criámos a nossa própria medida para o amor, mas ainda vamos longe de a alcançar, não desejamos ficar para sempre assim, preferimos viver o hoje para sempre assim, parece que nos acomodámos um ao outro, cada vez mais temos a certeza que ainda não foi inventada a palavra certa, fica para lá do hábito, talvez na fronteira da paixão com o amor, é um lugar estranho para se estar, mas tu fazes do tempo o teu deus, e eu, acredito no futuro, não temos uma música que nos defina, afinal, nem temos o mesmo gosto musical, não temos nomes secretos, não mandamos cartas nem mensagens de bom-dia, por vezes nem uma única mensagem me mandas e eu gosto de acreditar que é por não conseguires pôr em palavras aquilo que tens para me dizer, e fico a sorrir, contigo aprendi a perdoar, a esperar, a viver longe, a saber estar perto, aprendi como se fazem histórias, e como se guardam aprendi que o sentimento não se esgota, quando se acaba, vamos rapidamente ao stock da alma buscar mais, e a distância não mata, a saudade não consome, o desejo não morre, o tempo não se perde, o passado não cai e o futuro não se começa a construir por cima.
Contigo, aprendi a gostar de ti.