Postado Sáb 6 Ago 2011 - 18:47
Tal como nos dias que correm, durante muitos anos a presença do futebol algarvio entre os grandes era garantida pelo Sporting Clube Olhanense. Ao longo dos anos vinte os leões de Olhão tinham uma das melhores equipas nacionais com jogadores como Raul de Figueiredo, Delfim e Neves, que conquistaram o título de Campeão de Portugal em 1923/24. Épocas a fio os de Olhão lutavam pelos primeiros lugares e uma visita à cidade da Ria Formosa era sempre sinal de perigo para qualquer equipa portuguesa, Benfica, Porto e Sporting incluídos.
Futebol de «baliza às costas»
O Sporting Clube Olhanense sempre foi um clube popular. Nasceu no seio do povo na cidade de Olhão, entre os pescadores e operários locais que tinham a paixão pelo jogo que lentamente ia conquistando o país. Fundado em 1909, só viu oficializada a sua existência a 27 de Abril de 1912.
Os primeiros jogos realizavam-se no Largo das Praínhas, junto à Ria Formosa. Eram ainda os tempos das «balizas às costas» e os jovens jogadores do Olhanense usavam balizas desmontáveis, feitas a partir de uma corveta que tinha dado à costa, que eram religiosamente guardadas debaixo de uma ponte existente na Rua Almirante Reis.
Muitas vezes, dada a proximidade do mar, as marés vivas interrompiam os jogos ou os treinos dos jovens olhanenses, que jogavam por carolice e pagavam as despesas do clube entre eles, quando se reuniam na sua sede ao ar livre... Apesar de todo o amadorismo o clube foi crescendo e a qualidade da equipa foi melhorando e perto do início da I Guerra Mundial (1914-18) era já uma das mais fortes equipas da região.
Foi preciso esperar um ano, após o fim do grande conflito, para o Olhanense «voltar». Foram os irmãos José e Manuel Marcolino que reorganizaram o clube, utilizando as traseiras do seu estabelecimento comercial como sede e balneário.
Foram eles também que alugaram a Cêrca D. Maria Ventura, um terreno bem mais adequado à prática do futebol, que o Largo das Praínhas, que constantemente era inundado pela maré cheia.
Era dourada
Em 1921 os leões de Olhão disputam a I edição do Campeonato Regional do Algarve e sagram-se campeões em todas as três categorias. Na época seguinte, já com Cândido do Ó Ventura na direcção, o Olhanense constrói o Estádio Padinha e reforça a equipa com alguns jogadores de fora, inclusive de Lisboa.
Em 1922/23 contratou o primeiro treinador da sua história: o ex-jogador benfiquista Rogério Peres. Com um estilo muito próprio e uma combatividade que fez escola o Olhanense tornou-se num dos melhores conjuntos do país e em 1923/24 conquista o Campeonato de Portugal batendo na final o FC Porto por 4x2, tendo chegado ainda nas duas edições seguintes à meia-final.
Ainda nos anos 20 o Olhanense foi admitido como quarta filial do Sporting Clube de Portugal. Na década seguinte o clube manteve a hegemonia regional e foi campeão da II Liga em 1935/36 e mais tarde em 1940/41.
Em 1941/42 estreia-se na I Divisão com um oitavo lugar. Nos anos seguintes os leões algarvios conseguem, consecutivamente, dois quintos, um sexto e um quarto lugar – a melhor classificação de sempre. De permeio, em 1945, chegaram à final da Taça de Portugal perdendo nas Salésias com o Sporting 1x0.
Nos anos seguintes o clube manteve-se sempre nos dez primeiros lugares até que caiu para a II Divisão em 1950/51, após ficar em último lugar. Durante longos onze anos o clube manteve-se no segundo escalão, perdendo inclusive o domínio no futebol algarvio para o Lusitano de Vila Real de Santo António.
Decadência e renascimento
Só em 1961/62 é que os homens de Olhão voltam a jogar entre os grandes, atingindo um «descansado» oitavo lugar mas em 1963/64 voltaram a cair na segunda, regressando dez anos mais tarde.
Vivendo tempos difíceis o clube caiu anos mais tarde até à III Divisão, de que foi campeão em 1969/70.
Em 1973/74 o clube voltou ao convívio dos grandes para cair novamente em 1975 e entrar no mais longo jejum de presenças na I Divisão de toda a sua história.
Em 1984 inaugurou o seu estádio relvado, o José Arcanjo, onde ainda hoje actua regularmente. Foi só bem mais tarde, e sob a batuta de Jorge Costa, numa equipa que contava com vários jovens jogadores emprestados por FC Porto e Sporting que o Olhanense voltou a subir ao escalão principal, conseguindo um 13.º lugar no ano do regresso e um mais descansado 11.º na segunda época.
Ao longo da sua história quase centenária o Olhanense pode orgulhar-se de grandes momentos, onde durante muitos anos bateu os pés aos grandes de Lisboa e Porto. Apesar da decadência a partir de 1975, o Olhanense voltou a crescer, assumindo novamente no início da II década do novo século o estatuto de maior potência algarvia.
Futebol de «baliza às costas»
O Sporting Clube Olhanense sempre foi um clube popular. Nasceu no seio do povo na cidade de Olhão, entre os pescadores e operários locais que tinham a paixão pelo jogo que lentamente ia conquistando o país. Fundado em 1909, só viu oficializada a sua existência a 27 de Abril de 1912.
Os primeiros jogos realizavam-se no Largo das Praínhas, junto à Ria Formosa. Eram ainda os tempos das «balizas às costas» e os jovens jogadores do Olhanense usavam balizas desmontáveis, feitas a partir de uma corveta que tinha dado à costa, que eram religiosamente guardadas debaixo de uma ponte existente na Rua Almirante Reis.
Muitas vezes, dada a proximidade do mar, as marés vivas interrompiam os jogos ou os treinos dos jovens olhanenses, que jogavam por carolice e pagavam as despesas do clube entre eles, quando se reuniam na sua sede ao ar livre... Apesar de todo o amadorismo o clube foi crescendo e a qualidade da equipa foi melhorando e perto do início da I Guerra Mundial (1914-18) era já uma das mais fortes equipas da região.
Foi preciso esperar um ano, após o fim do grande conflito, para o Olhanense «voltar». Foram os irmãos José e Manuel Marcolino que reorganizaram o clube, utilizando as traseiras do seu estabelecimento comercial como sede e balneário.
Foram eles também que alugaram a Cêrca D. Maria Ventura, um terreno bem mais adequado à prática do futebol, que o Largo das Praínhas, que constantemente era inundado pela maré cheia.
Era dourada
Em 1921 os leões de Olhão disputam a I edição do Campeonato Regional do Algarve e sagram-se campeões em todas as três categorias. Na época seguinte, já com Cândido do Ó Ventura na direcção, o Olhanense constrói o Estádio Padinha e reforça a equipa com alguns jogadores de fora, inclusive de Lisboa.
Em 1922/23 contratou o primeiro treinador da sua história: o ex-jogador benfiquista Rogério Peres. Com um estilo muito próprio e uma combatividade que fez escola o Olhanense tornou-se num dos melhores conjuntos do país e em 1923/24 conquista o Campeonato de Portugal batendo na final o FC Porto por 4x2, tendo chegado ainda nas duas edições seguintes à meia-final.
Ainda nos anos 20 o Olhanense foi admitido como quarta filial do Sporting Clube de Portugal. Na década seguinte o clube manteve a hegemonia regional e foi campeão da II Liga em 1935/36 e mais tarde em 1940/41.
Em 1941/42 estreia-se na I Divisão com um oitavo lugar. Nos anos seguintes os leões algarvios conseguem, consecutivamente, dois quintos, um sexto e um quarto lugar – a melhor classificação de sempre. De permeio, em 1945, chegaram à final da Taça de Portugal perdendo nas Salésias com o Sporting 1x0.
Nos anos seguintes o clube manteve-se sempre nos dez primeiros lugares até que caiu para a II Divisão em 1950/51, após ficar em último lugar. Durante longos onze anos o clube manteve-se no segundo escalão, perdendo inclusive o domínio no futebol algarvio para o Lusitano de Vila Real de Santo António.
Decadência e renascimento
Só em 1961/62 é que os homens de Olhão voltam a jogar entre os grandes, atingindo um «descansado» oitavo lugar mas em 1963/64 voltaram a cair na segunda, regressando dez anos mais tarde.
Vivendo tempos difíceis o clube caiu anos mais tarde até à III Divisão, de que foi campeão em 1969/70.
Em 1973/74 o clube voltou ao convívio dos grandes para cair novamente em 1975 e entrar no mais longo jejum de presenças na I Divisão de toda a sua história.
Em 1984 inaugurou o seu estádio relvado, o José Arcanjo, onde ainda hoje actua regularmente. Foi só bem mais tarde, e sob a batuta de Jorge Costa, numa equipa que contava com vários jovens jogadores emprestados por FC Porto e Sporting que o Olhanense voltou a subir ao escalão principal, conseguindo um 13.º lugar no ano do regresso e um mais descansado 11.º na segunda época.
Ao longo da sua história quase centenária o Olhanense pode orgulhar-se de grandes momentos, onde durante muitos anos bateu os pés aos grandes de Lisboa e Porto. Apesar da decadência a partir de 1975, o Olhanense voltou a crescer, assumindo novamente no início da II década do novo século o estatuto de maior potência algarvia.