O realizador espanhol Pedro Almodóvar considera o primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, "um homófobo obcecado por mulheres que apenas se preocupa em demonstrar que não é 'maricón'", segundo uma entrevista publicada hoje pelo semanário italiano L'Espresso.

Almodóvar, que apresentou esta semana em Roma o seu último filme, "La piel que habito", com os atores Antonio Banderas e Elena Anaya, classificou Berlusconi como uma "figura muito interessante" do ponto de vista de gestão de imagem.

"Em Espanha", explicou o cineasta, "os retoques dos malares para as câmaras de televisão não estão na moda. Os políticos parlamentares tratam de transmitir, embora de forma pragmaticamente hipócrita, uma imagem mais próxima do povo".

Perante a insistência do entrevistador sobre Berlusconi, o realizador de "Fala com ela" acabou por confessar: "Sobre o vosso presidente de Governo tenho mais perguntas do que respostas".

Para o vencedor do Óscar por "Tudo sobre a minha mãe" (1999), "classificar Berlusconi é complicado", já que "as notícias sobre ele falam mais de sexo do que de política".

Nesse contexto, disse que gostaria de perguntar aos italianos a sua opinião sobre "o escândalo que o seu nome [o de Berlusconi] provoca em toda a parte".

Sobre sua vida atual, Almodóvar assinalou que passa a maior parte do tempo "encerrado entre quatro paredes", já que deixou para trás os anos "do amanhecer da nova democracia espanhola".

Esse tempo era "muito mais estimulante do que o atual, quando andava às voltas com uma 'tribo' de cinquenta pessoas. Era maravilhoso ser jovem, viver a noite, exagerar", assegurou.