Ainda há muitas peças para encaixar no quebra-cabeças do homicídio de Rosalina Ribeiro, companheira e herdeira do milionário Lúcio Feteira, disse à Lusa Felipe Renato Ettore, da Divisão de Homicídios no Rio de Janeiro e responsável pelo inquérito ao caso. O advogado brasileiro da portuguesa morta disse que esta via Duarte Lima como «um guru».

Ettore afirmou que apenas irá pronunciar-se sobre o caso após a conclusão do inquérito, para a qual ainda não tem uma data prevista.

«Não há previsão, [a investigação] pode levar ainda meses, muito tempo», afirmou.

«Há a parte diplomática. A colaboração intermunicipal é entre as polícias do Estado do Rio e a internacional depende de canais diplomáticos», explicou.

Contudo, Ettore destacou que o trâmite internacional é «um pouco mais rápido porque Portugal, pelo menos, não tem a barreira do idioma, não há problemas de tradução para as cartas rogatórias, se necessário for».

A carta rogatória é a medida judicial, de cooperação internacional, que tem por finalidade o cumprimento de actos ou diligências necessários ao prosseguimento de um processo, como citações, provas periciais ou inquirição de testemunhas.

As investigações iniciaram-se quando Rosalina Ribeiro foi dada como desaparecida dois dias depois de ter dito a amigos no Rio de Janeiro que iria «resolver uns problemas», a 7 de Dezembro de 2009. O corpo foi encontrado dias mais tarde, a 90 quilómetros do Rio de Janeiro e da casa que tinha na cidade.

«Ninguém ainda foi indiciado»

Segundo a polícia, Rosalina Ribeiro foi assassinada naquele dia, pouco depois de se ter encontrado com o advogado português Duarte Lima.

Questionado sobre o envio de um fax de Duarte Lima, ex-deputado do PSD que representava os interesses de Rosalina Ribeiro junto da Justiça em Portugal, à polícia do Brasil, com informações sobre esse encontro a 7 de Dezembro, e se as autoridades brasileiras vão solicitar ouvi-lo em depoimento oficial, o delegado apenas afirmou que Duarte Lima ainda não foi indiciado.

«Ninguém ainda foi indiciado no caso», sublinhou Ettore.

Sobre uma eventual colaboração com a Polícia Judiciária portuguesa, Ettore afirmou apenas: «Logo que a gente precisar de ajuda, vai entrar em contacto [com a PJ]. Eles são extremamente solícitos».

O caso também permanece misterioso para o advogado brasileiro de Rosalina Ribeiro, Normando António Ventura Marques.

Ventura Marques disse à Lusa que não sabia do encontro que Rosalina Ribeiro teve com Duarte Lima em Dezembro, acrescentando que já prestou «declarações na polícia sobre isso».

«Duarte Lima era um guru dela [Rosalina Ribeiro] em termos jurídicos. Ele orientava os encaminhamentos», explicou.

«Uns 10 dias antes do incidente, ela tinha-me feito uma consulta que eu não aprovei e ela não me procurou mais para nada. Não sabia que ela ia para Maricá [onde Duarte Lima diz tê-la deixado e onde se encontrou com uma «senhora loura»]», afirmou.

Segundo contou à Lusa, Ventura Marques tem estado a acompanhar as investigações com a Polícia Civil do Rio, «mas com certa dificuldade pois corre em segredo de Justiça».

Rosalina Ribeiro, de 74 anos, disputava desde 2000 na justiça uma parte da herança de Lúcio Tomé Feteira com a filha do milionário e outros herdeiros.