Que faria se o seu filho ou filha lhe contasse a chorar que alguém abusou sexualmente deles? O que parece um pesadelo «não acontece só aos outros». Esta foi a confissão de uma mãe ao tvi24.pt, após saber que um homem tinha tentado abusar da sua filha, de sete anos de idade.

A família, composta pelo casal e dois filhos, reside no Alentejo, mas o caso podia ter acontecido em qualquer cidade do país. «Senti-me culpada. Foi algo que aconteceu debaixo dos nossos olhos e não pudemos fazer nada para evitar», conta ao tvi24.pt.

Num sábado de Agosto, «L» (nome fictício da menor) estava com os pais no café onde estes trabalham. Como sempre, falava com os clientes e brincava com aqueles que tinham conquistado a sua confiança. Um deles traiu essa confiança.

«Ela é muito comunicativa e fala com quase todas as pessoas», conta a mãe. Naquela noite quente, um cliente habitual, que brincava muito com «L», pediu-lhe que esta se sentasse ao seu colo. Colocou a mão da menina nos seus genitais e fez-lhe o mesmo.

«Várias mesas da esplanada estavam ocupadas e ninguém se apercebeu de nada», recorda a mãe. A filha nunca quer ir para casa, porque gosta de brincar ali, mas nessa noite insistiu com a mãe para se irem embora.

«Entrámos no carro, ela disse que tinha uma coisa para me contar e começou a chorar», lembra a mãe da menor. Horas depois estavam a apresentar queixa.

Aquele cliente habitual do café, na casa dos 50 anos de idade, que andava sempre sozinho, era divorciado e vivia com os pais, revelou a sua verdadeira natureza. «Ele nunca pensou que a minha filha contasse o que tinha acontecido e, no dia seguinte, apareceu no café como se nada fosse», conta ao tvi24.pt.

Acabou no hospital, agredido pelo pai da menina que não se conseguiu controlar. Todavia, nunca apresentou queixa por essa agressão. Deixou de ser visto na zona e, agora, pouco tempo pára ali.

O suspeito foi ouvido pelas autoridades, mas não foi determinada a sua prisão preventiva. O caso está a seguir o seu rumo normal e, na próxima semana, a menor vai ser ouvida para «memória futura». Assim não terá que enfrentar o agressor em tribunal, quando começar o julgamento.

Segundo a mãe, durante várias noites a filha «acordou, gritou, teve pesadelos», mas agora parece estar «mais calma». Está a ser seguida por uma psicóloga e «está a fazer-lhe bem».

Sempre que olha para trás e pensa no que aconteceu, esta mãe lembra-se que naquele dia o «cliente habitual» ofereceu mais «gelados» à menina do que habitual. De quando em quando os frequentadores do café oferecem guloseimas à menor, mas nesse dia, ele «insistiu muito». Na altura, não desconfiou de nada. Hoje acredita que era para comprar o seu silêncio.

«L» sentiu que era errado o que tinha acontecido e, por isso, contou à mãe. No entanto, em algumas das poucas ocasiões que voltou a falar do assunto, defendeu o agressor. «Vai-lhe acontecer alguma coisa má? É que eu não queria, porque ele é meu amigo», disse à mãe.

Dentro do possível, a vida voltou à normalidade. A mãe sabe que a filha não vai esquecer. No fundo, só deseja que o que aconteceu não a impeça de ser feliz.

Fonte:tvi24