Postado Dom 13 Nov 2011 - 21:49
O sismo de 1 de Janeiro de 1980 vai ser recontado n´ “Um ano Novo”, documentário que vai compilar testemunhos de quem vivenciou o evento traumático que afectou, sobretudo, a ilha Terceira. A realização está a cargo da jovem realizadora Laura Quinteiro Brasil que, numa produção da Associação Cultural Burra de Milho, quer contar “a verdade” do antes, do durante e do depois do terramoto.
Não se trata de fazer uma reconstituição da realidade, mas antes documentar a verdade de quem passou pelo sismo de 1 de Janeiro de 1980 na ilha Terceira.
Este é o olhar que a jovem realizadora terceirense Laura Quinteiro Brasil pretende captar na longa-metragem “Um Ano Novo” que surge pela iniciativa e produção da Associação Cultural Burra de Milho e que será apresentada em Maio de 2012.
Ao jornal “a União”, Laura Brasil explicou que “não será um filme de opinião”, porque, acima de tudo, pretende recolher testemunhos de quem presenciou o fenómeno, registando sentimentos e revisitando locais afectados.
“Quero que se veja a verdade. Mas não é uma reportagem. Gostava que quem visse o documentário aperceba-se da verdade daquilo que se está a ver e a ouvir”, disse, explanando que o trabalho assentará em entrevistas, cujos trabalhos preparatórios arrancaram esta semana.
Para o efeito, a “Burra de Milho” está a publicitar, quer em jornais, quer nas redes sociais (http://burrademilho.blogspot.com) e via contacto telefónico (96 6891484) a procura de testemunhos com a pergunta “Onde estava a 1 de Janeiro de 1980?”.
Para já, conta, têm sido vários os testemunhos, orais e escritos, que já recebeu e que está a analisar.
Depois desse trabalho de selecção, a fase seguinte, explicou a cineasta, vai para filmagem dos mesmos, devendo os trabalhos de rodagem da película ter início a meados de Dezembro.
O antes, o durante e o depois
O filme “Um Ano Novo” assenta, à partida, num formato já definido: quer-se apurar o dia antes, o dia do abalo e o dia após o evento sismológico.
Definida que está este horizonte temporal, assente numa linha cronológica, caberá à realizadora encaixar as experiências mais marcantes dos entrevistados e dos efeitos mais sentidos na paisagem (des) construída da ilha.
Este é uma forma, explica, “de se chegar ao geral, a partir do particular”.
Em termos de linguagem estética, Laura Brasil conta que este será um “documentário bastante cru”, significando com isso, que não irá fazer uso de recursos de multimédia demasiado artificiais.
Mas a película, que terá uma duração que não deverá exceder 1H30, vai ter o olhar da própria realizadora, apesar desta não ter vivido o sismo
Clima de afecto e entreajuda
Para esta jovem realizadora, nascida sensivelmente nove anos após o sismo, este “sempre representou um mistério bastante grande”. Laura Brasil, apesar de não ter memória sua, partilha a da família e a de amigos: “já presenciei outros sismos, de menor intensidade, mas sei da experiência que tiveram os meus familiares e amigos. Conheço muitas histórias”, até porque o seu caso familiar, na altura a residir nas Cinco Ribeiras, soma-se à de muitos terceirense que viram as suas casas e bens danificados.
Se para a edição, “é bom esse distanciamento para obter uma melhor qualidade” do produto final, por outro, Ana Brasil retém desse período negativo um factor positivo: “criou-se um clima de afecto e de entreajuda no pós-sismo muito grande”. Um lado da história do sismo que, antecipa, será abordado n´ “Um Ano Novo”.
Fonte: A União