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Postado Qua 15 Set 2010 - 17:20
A moda manda. Cada vez mais estamos a voltar às tradições tribais de marcar o corpo. São os jovens e adultos que aderem à moda do piercing. Os locais dedicados a esta actividade cresce e os clientes também. Contudo, o perigo de infecção existe. Foi o que aconteceu com Maria. Esta jovem de 27 anos, não resistiu e aderiu à moda do piercing. Ao Tribuna, a jovem conta os três meses de horror que passou após a colocação perfuração. “Nunca pensei que me fosse custar tanto”, conta. “Quando fizeram o furo no meu umbigo eu não senti dor, o pior foi depois.”
Segundo relembra, o local escolhido para o efeito foi indicado por uma conhecida sua que também fez um piercing. “Essa minha amiga disse-me que num centro comercial do Funchal existia um gabinete de estética que fazia piercings”, diz. “Como vi que o dela ficou bonito também quis fazer um igual.”
Refere ainda que pagou cerca de 50 euros. “Se eu soubesse o que sei hoje nem me atrevia fazer semelhante coisa”, lamenta. “Após a sua colocação o meu umbigo começou a 'inchar' e a doer. Fui logo ao médico.”
Diz ainda que o piercing foi colocado em Julho do ano transacto e quatro meses depois a infecção começou a piorar. “A zona do umbigo começou a ficar vermelha e com um aspecto horrível”, conta. “Durante seis semanas tive que tomar antibióticos e o meu médico sugeriu que eu retirasse o piercing.”
Refere ainda que o seu médico disse que os materiais que foram utilizados para a perfuração não eram materiais cirúrgicos e que só seria seguro se o mesmo fosse realizado num hospital. “Depois de tomar os antibióticos fui sujeita a uma mini cirurgia”, salienta. “Levei cerca de 14 pontos e só eu sei o que eu sofri. Com esta brincadeira toda gastei cerca de 200 euros.”
A finalizar a mesma é de opinião que existe muita falta de informação sobre os perigos que existe ao fazer um piercing. Deveria existir mais divulgação e quais os locais adequados para o efeito.
Piercing não é aconselhado
Esta prática, o piercing, é desaconselhada quando a pessoa sofre de alergias de contacto. Há locais onde existe a assinatura de um contrato em que o estabelecimento não se responsabiliza por qualquer problema. Esta situação é ilegal. Não existe nenhuma lei que defenda o consumidor no caso de alguma complicação. Há quem defenda a urgência de o Governo, através do Ministério da Saúde, apresente uma proposta de lei que defenda os interesses dos consumidores, ao nível da saúde, higiene e segurança.
A formação das pessoas que fazem o piercing é fundamental, porque o mínimo deslize poderá ser fatal. Ao nível da higiene é obrigatório o uso de luvas e de máscara e o material terá de ser descartável. Na Região já são muitos os locais onde o piercing é feito. Outrora, não existia “poisio” fixo. O Tribuna contactou alguns estabelecimentos que são procurados para o efeito. Os contactados, dois, preferiram ficar no anonimato. No entanto, não deixaram de referir que a procura para o piercing está cada vez mais a ser procurada e por todas as idades. “Há uns anos a malta que nos procurava era com idade superior a 20 anos”, refere. “Nos dias de hoje é comum ver jovens com 14 anos a fazer o seu primeiro piercing.”
Refere ainda que já não existe lugar fixo para fazer um piercing. “Antes o umbigo era o local de eleição”, conta. “Agora já não. Existe várias partes do corpo que são indicadas para a colocação de um piercing.”
Segundo este jovem, preferiu o anonimato, deveria existir mais formação para quem quiser aprender a arte do piercing. “Há muita gente que associa o piercing a jovens delinquentes, mas isso é errado”, lamenta. “Nos dias de hoje o ter um piercing é estar na moda.”
Este jovem de 26 anos para além de fazer “furos” também faz tatuagens. Como o próprio diz: “quer o piercing quer a tatuagem são duas artes que se complementam.”
Cuidados a ter ao perfurar
Pírcingue é a tradução do termo inglês piercing, que significa perfurar. Tal como as tatuagens, implicam riscos e cuidados, que deverão ser explicados a quem pretende fazê-los. A aplicação do piercing apresenta riscos gerais de saúde. Consoante o local do corpo em que for aplicado podem surgir problemas específicos( por exemplo, dificuldade em falar, se for na língua).
Após a aplicação, o piercing deve ser tratado como uma ferida: o essencial é limpar e desinfectar com um anti-séptico. Convém fazê-lo duas vezes por dia, com as mãos limpas e movendo o piercing, aquando da aplicação do anti-séptico, para que o líquido entre no furo.
Preço
O preço varia consoante o material e o formato. Em geral, o titânio (entre 30 e 45 euros) é mais caro do que o aço cirúrgico (entre 25 e 40 euros), mas é menos susceptível de causar infecções.
União Europeia preocupada
Foi realizado um estudo em que transparecem grandes falhas de informação ao nível das potenciais consequências para a saúde da execução de piercings. Estas actividades não estão sujeitas a uma lei específica, tanto em Portugal como noutros países europeus. A União Europeia está preocupada com o assunto e já manifestou interesse em que todos os países legislem sobre a matéria. Há quem defenda que o Governo deverá propor a legislação definindo a formação das pessoas que executam o trabalho. As regras de higiene e segurança para os profissionais e estabelecimentos, como o uso de luvas e máscaras, material descartável e indicar a forma de controlá-los. A legislação deverá conter ainda indicado os materiais e pigmentos que podem ser usados, bem como a forma de controlá-los e também como deverá ser feita a recolha e reciclagem dos resíduos. Por fim, a lei deverá prever uma fiscalização regular aos estabelecimentos, para verificar se as regras de higiene e segurança estão a ser cumpridas, bem como penas exemplares para os infractores.
Piercings e os seus perigos
Os piercings podem ser muito perigosos quando colocados em áreas formadas por cartilagens. Na língua, é possível até que abalem a estrutura dos dentes. Algumas partes do corpo são muito perigosas para a colocação de piercings. No quadro abaixo poderá ver os riscos mais comuns que o piercing oferece para determinadas partes do corpo.
No alto da orelha - A baixa vascularização pode levar à deformação da cartilagem, exigindo cirurgia plástica reparadora.
Nariz - A haste interna - em geral longa para facilitar o manuseio – pode machucar o septo nasal. O risco de infecção é grande, pois o local é húmido e está constantemente em contacto com a poluição.
Umbigo - O corpo estranho pode provocar a formação de cistos, levando à necessidade de cirurgia. O risco de infecção é muito grande. Como muitas pessoas se esquecem de enxugar bem a região, ela fica húmida e expostas a bactérias.
Língua - Há risco de desgaste da parte interna dos dentes da frente da arcada inferior e de perda óssea capaz de abalar a estrutura dental. O local é quente é húmido, perfeito para a proliferação de bactérias.
