(...) Mais uma vez tinha-se entregado por completo a uma relação sem futuro. Tinha sido apenas usada. Ela sabia que só havia uma maneira de não pensar mais naquilo. Então fechou-se no quarto de novo, como vinha sendo hábito, e cortou-se. Tinha uma capacidade enorme de suportar a dor física, já a sentimental não era assim. A auto-mutilação já fazia parte da sua vida. A primeira vez que experimentou magoar-se, pensou que conseguia parar, que seria só aquela vez, mas cada vez que a magoavam, que a mal-tratavam era ai que se refugiava. Precisava de ajuda, sabia-o bem. Valeria a pena fazer aquilo por alguém? Será que essas pessoas o mereciam? Não sabia e quanto mais tempo passava, mais vezes se auto-mutilava, mais o queria fazer. Tinha-se tornado um vicio, era como droga para ela.
Apesar disto, ela continuava a mesma pessoa que gostava de se divertir, de conhecer pessoas. Parecia que eram duas pessoas numa só. Foi numa dessas saidas que conheceu um rapaz e, em certo modo era parecida comigo, atirava-se de cabeça para um relacionamento, e mais uma vez a magoaram. Foi nesse dia que tudo mudou. Fechou-se no quarto, não queria ver ninguém, e começou a auto-mutilação, mas desta vez algo correu mal. O sangue não parava de escorrer, ela sentia-se sem forças, não conseguia sequer gritar para pedir ajuda, entrou em pânico, não queria morrer ali, sozinha. Poderia ter sido o seu fim ali se a sua irmã não a tivesse encontrado. Passou dias, semanas naquele hospital, só conseguia pensar no mal que tinha feito a si própria. Estar entre a vida e a morte faz pensar, será que vale a pena morrer por amor?


A auto-mutilação não é solução !