Postado Ter 18 Jan 2011 - 16:30
1. A filosofia pode ser definida como um actividade intelectual que procura analisar, compreender e dar respostas para aos enigmas e problemas com que se debate a humanidade e aos quais a ciência não dá resposta .
Cada filósofo sobre estes problemas formula os seus pontos de vista, produzindo afirmações ( teses, teorias) sustentadas num conjunto de razões (argumentos ) credíveis, isto é, susceptíveis de convencer as pessoas da verdade das suas conclusões.
2. A filosofia é nesta perspectiva também uma actividade argumentativa, envolvendo estratégias de persuasão de um dado auditório (os destinatários dos discursos produzidos).
3. Num discurso filosófico podemos encontrar os seguintes elementos: Problema/Questão, Tese, Argumentos, Contra-Argumentos, Refutação dos Contra-Argumentos, Conclusão.
Problema: O enigma que se procura encontrar uma resposta.
Exemplo: O que é a realidade ?
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Questão: Uma forma particular de formular o problema de modo a que o mesmo possa ser abordado, numa dada perspectiva. A formulação da questão acaba assim por evidenciar alguns aspectos do problema, secundarizando outros. Alguns autores não fazem qualquer distinção entre problema e questão.
Exemplo: A realidade pode reduzir-se apenas ao que vemos ?
Tese: A resposta ou hipótese explicativa sobre um determinado problema. A tese, em certo sentido, coincide com a conclusão.
Teoria. Uma tese apresentada de uma forma coerente e apoiada num conjunto de argumentos convincentes da sua verdade.
Argumentos: Razões que fundamentam a tese e nos conduzem a admitir uma dada conclusão (tese/teoria).
Contra-argumentos: As razões que podem ser apontadas para desmentirem as afirmações apresentadas.
Refutação: As razões que podem ser indicadas para mostrar que os contra-argumentos são inconsistentes para negarem as teses/eorias.
Conclusão: As respostas a que teremos que chegar tendo em conta a validade dos argumentos apresentados, assim como os raciocínios efectuados.
4. Na defesa de uma dada tese, podemos produzir três tipos fundamentais argumentos, de acordo como o modo como raciocinamos.
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Argumentos dedutivos : A partir de premissas (afirmações, argumentos) é deduzida uma dada conclusão que se apresenta como necessária e válida. Se as premissas forem verdadeiras e o raciocínio for correcto, então a conclusão será também verdadeira.
Exemplos:
Todos os homens são mortais
Os gregos são homens
Logo, os gregos são mortais
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É verdade tudo penso de forma clara e distinta
Penso de forma clara e distinta que a existência pertence à essência de Deus
Logo, é verdade que Deus Existe.
(adaptado de Descartes)
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Argumentos indutivos : A partir de conjunto de premissas particulares induzimos uma conclusão mais geral que se apresenta como logicamente possível, provável mas não necessária..
Exemplos:
A Helena pertence a uma Associação de Defesa do Meio Ambiente
A maioria das pessoas que pertencem a tal associação opõe-se à destruição de um jardim no Bairro Alvalade
Logo, Helena vai opor-se à destruição deste jardim no bairro de Alvalade (Lisboa).
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"Outrora as mulheres casavam-se muito novas. A Julieta da peça Romeu e Julieta, de Shakespeare, ainda não tinha 14 anos. Na Idade Média, 13 anos era a idade normal de casamento para uma rapariga judia. E durante o Império Romano muitas mulheres casavam aos 13 anos, ou mesmo mais novas". (A. Weston, A Arte de Argumentar).
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Durante séculos inúmeras observações e experiências nunca desmentiram esta afirmação
Nunca se encontrou algo que a sugerisse que a mesma pudesse ser falsa
Logo, temos que concluir que a mesma é uma verdade absoluta.
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Argumentos analógicos : Com base em duas ou mais premissas estabelecemos relações de semelhança entre elas, procuramos extrair uma conclusão que se apresenta como logicamente possível, provável mas não necessária.
Exemplo:
Colhe-se o que se semeia. Se plantarmos amoras, colhemos amoras. Se plantarmos cebolas obtemos cebolas. Do mesmo modo quem semeia a guerra não pode esperar obter paz, justiça e fraternidade (adpt de W.Salmon).
Fonte:http://afilosofia.no.sapo.pt/10DiscursoFilo.htm