Postado Qua 2 Mar 2011 - 12:05
O pai de Angely Sofia Nunes, a luso-descendente desaparecida há 12 anos nas enxurradas de Vargas na Venezuela, que ficou sem palavras ao rever a jovem, e que, apesar de estar muito contente, não sabe como aproximar-se da filha.
"A minha mulher (Maria Lucinda Nunes) telefonou-me, depois tocou a buzina do carro e saí, emocionado, para vê-la (Angely). Quando ela me disse 'esta é a tua filha', fiquei 'impactado', não me deu para nada e não pude falar sequer", disse o madeirense José Vieira, recordando o recente reencontro.
Comerciante e proprietário de um restaurante há mais de 23 anos numa das principais avenidas da cidade de Valência, 200 quilómetros a leste de Caracas, José Vieira contou que está a tentar adaptar-se à filha, agora com 21 anos, e contente por ter uma neta de dois, mas confessa ter dificuldades para se aproximar porque não sabe como tratá-la.
"Não temos essa confiança, com o tempo que esteve fora, não sei o que fazer. Ela também não fala muito comigo, penso que terá vergonha, estou um pouco confundido", frisou.
Devoto de Nossa Senhora de Fátima, José Vieira acredita que "pouco a pouco" a situação se normalizará e espera "que ela recupere também, porque a vê muito magra".
O caso de Angely mereceu há 12 anos a atenção dos ex-secretários de Estado das Comunidades Portuguesas, Rui de Almeida (PS) e José Cesário (PSD) e remonta à noite de 15 para 16 de Dezembro de 1999, quando chuvas torrenciais provocaram deslizamentos em quase 80 quilómetros de zona costeira do Estado de Vargas. As regiões mais afectadas foram Los Corales e Carmem de Úria, esta última declarada inabitável e hoje reduzida a escombros.
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