Barcelona e Manchester United disputam este sábado a final da Liga dos Campeões, naquele que é, para muitos, «o jogo mais aguardado do ano». O mítico Wembley é o palco do decisivo jogo europeu, que reedita a final de 2008/2009 e coloca frente a frente duas das mais ricas, poderosas e vitoriosas equipas dos últimos anos.

Na antevisão da partida, Alex Ferguson e Pep Guardiola trocaram simpatias como bons cavalheiros. Se o Sir escocês dizia na conferência de imprensa que «esta poderia ser a final da década», o jovem espanhol defendia que ao Barça «não basta jogar como fizemos em Roma», na última vez que mediram forças.

Ferguson garante que «os jogadores estão mais preparados»

Alex Ferguson é dos treinadores com mais anos de futebol mas, como isso não bastasse, é também dos mais titulados e sábios a nível mundial. Contudo, o curto mas interessante percurso do técnico rival desta noite, Guardiola, mereceu-lhe palavras elogiosas e... reveladoras.

«Creio que o que mais admiro em Pep é que, sendo um treinador tão jovem, tenha mudado a forma de jogar de um clube. Quando Guardiola jogava, quis contratá-lo. Cheguei a falar com o seu agente, mas ele acabou por ir para Itália... A grande qualidade do Barcelona de hoje é a sua unidade. É distinta das outras equipas. Não há muitas mudanças, relativamente a 2009, mas todos temos mais experiência na Europa. Na altura ficámos decepcionados com a derrota, mas não queremos vingança. Tivemos um choque no nosso orgulho, mas estamos mais concentrados, melhor preparados. As grandes finais decidem-se por detalhes, mas somos uma equipa muito mais madura. Na última final cometemos alguns erros mas tenho confiança na aprendizagem e agora faremos melhor, estou confiante. Progredimos muito desde então», reforçou o líder red devil, avançando ainda com uma saudação... especial.

«José Mourinho falou comigo e desejou-me o melhor. Ele sabe que estamos bem preparados e que esperamos ganhar», atirou, projectando, ainda assim, uma noite complicada até à hora de levantar o troféu. «O êxito das duas equipas tem sido enorme. O sucesso que ambas tiveram nos últimos anos foi imenso, pelo que poderia não apenas ser a final da década, mas sim a melhor final da década, pois tratam-se de dois excelentes conjuntos com um grande passado. É uma final muito apelativa no que respeita ao que pode suceder durante a partida. Tudo pode acontecer, pode haver muitos golos, entusiasmo e muito bom futebol», antecipou Ferguson.

Pep Guardiola aguarda jogo com «bons sentimentos»

Se de um lado há confiança na vitória, no outro há confiança no triunfo. O Barcelona é apontado como favorito pela grande maioria das casas de apostas e reúne também apoio de muitos adeptos, não catalães, pelo mundo fora, à custa do futebol que tem apresentado em cada relvado por onde passa. Apesar disso, foi com os pés bem assentes na terra que o antigo jogador e capitão blaugrana anteviu o encontro.

«É um orgulho para nós estar aqui outra vez e voltar a disputar a taça com o Manchester United, um dos clubes históricos do futebol europeu. Para mim é uma honra estar sentado num banco com Sir Alex Ferguson ao lado. Já decidi o onze e tentaremos vencê-los de acordo com o que pensámos. Agora conhecemo-nos melhor. Em Roma ganhámos [2-0, golos de Eto'o e Messi] com toda a euforia daquele primeiro ano mas, se agora jogarmos a esse nível, da final de 2009, já não ganhamos. Temos de jogar muito melhor do que em Roma, temos de ser mais rápidos na circulação de bola para os ultrapassarmos. Isto é um feito único e muito difícil de repetir... não sei ganharemos ou perderemos, mas as sensações são boas. Estou muito orgulhoso dos meus jogadores. Este ano, as pessoas desfrutaram do nosso futebol e é um orgulho para nós jogar a nossa segunda final em três anos e ainda por cima perante um dos grandes clubes europeus, que tem uma das equipas mais completas que já vi jogar», referiu o antigo número 4 do Barça.

A finalizar, quase contrapondo com a felicitação que Ferguson disse ter recebido de Mourinho, Guardiola reservou ele próprio uma mensagem também especial para outro português. «Agradeço as palavras de Villas-Boas [ndr: entre família, Mourinho, jogadores e colaboradores, o treinador dos dragões havia dedicado o triunfo na Liga Europa ao técnico culé] e aproveito para felicitá-lo pela sua equipa fantástica e pela grande campanha que fez esta temporada. Eu sou um produto de um todo que é o Barcelona. Inspirei-me em muita gente e, a partir de agora, também terei de inspirar-me em Villas-Boas. Oxalá nos encontremos na Supertaça Europeia», desejou.