O novo técnico de Gana, Goran Stevanovic, acredita que a sua equipe pode deixar de ser a melhor seleção do continente apenas no papel. O treinador quer tirar o país de uma longa fila sem levantar troféus e começar a transformar em títulos a eterna promessa ganesa.

"É um cargo difícil", afirmou o sérvio em entrevista exclusiva ao FIFA.com antes do seu primeiro jogo em casa no comando dos "Estrelas Negras", como são conhecidos os jogadores da equipe nacional. "É um dos cargos mais difíceis da África no momento. Há muitas expectativas sobre quem treina a seleção de Gana. Mas entendo que as pessoas querem ver resultados. O importante para nós agora é nos classificarmos para a Copa Africana de Nações e então ver o que é possível fazer."

O próximo compromisso do selecionado ganês pelas eliminatórias para o torneio continental será na sexta-feira, quando o país receberá o Congo. No momento, os ganeses estão empatados com o Sudão com sete pontos, mas são os primeiros colocados do Grupo I devido ao saldo de gols. Agora, a sua frágil liderança será colocada a prova na partida contra os congoleses, que estarão lutando para sobreviver, enquanto os sudaneses viajam para enfrentar a lanterna Suazilândia. No entanto, Gana poderá ficar mais tranquila pelo fato de que eles derrotaram com facilidade a seleção congolesa fora de casa por 3 a 0 em março, já sob a batuta de Stevanovic.

Somos considerados uma das melhores equipes do mundo e precisamos nos certificar de que não vamos deixar passar o momento favorável.

Embora Stevanovic se mostre cuidadoso e evite fazer previsões muito ousadas e promessas exageradas que possam colocá-lo em situações de pressão no futuro, o novo técnico dos Estrelas Negras rapidamente estabeleceu a sua autoridade sobre uma equipe que é sempre considerada uma promessa, mas que há tempos não conquista nenhuma taça. "Agora, Gana está associada ao sucesso na África do Sul", comentou o sérvio. "Somos considerados uma das melhores equipes do mundo e precisamos nos certificar de que não vamos deixar passar o momento favorável. Todos esperam que joguemos bem. Claro que esta partida será especial, porque será a minha primeira diante da nossa torcida, então deverá ser um bom jogo. Temos uma boa ideia do que esperar dos nossos adversários."

O treinador disse ainda acreditar que já existe uma cultura de vitória em Gana, mas que ela precisa ser alimentada. Não há dúvidas de que talento não falta, principalmente com o surgimento de vários jovens futebolistas que roubaram a cena de jogadores mais consagrados. No entanto, Stevanovic aproveitou para lembrar que uma equipe precisa tanto de juventude quanto de experiência para evoluir. O seu contrato de dois anos vai até o final da Copa Africana de Nações 2012, que será sediada conjuntamente por Gabão e Guiné Equatorial. Mas, ainda que o contrato não mencione nada específico, todos sabem que o cargo implica uma grande expectativa de que a seleção ganesa conquiste muitas vitórias.

Substituindo Rajevac e encaixando Essien
Mesmo depois de quatro meses no cargo, Stevanovic ainda dá a impressão de sentir que precisa provar o seu valor não apenas para os críticos, que não eram poucos quando ele chegou, mas também para os que acreditam que ele é capaz de reviver os dias de glória em Accra, capital do país. Dessa forma, o seu principal objetivo não é apenas se classificar com Gana para o torneio continental, mas também trazer o troféu após três décadas na fila sem vencer nenhuma taça importante desde o título da CAN 1982. A pressão é grande e o técnico sabe que a sua equipe não poderá ter muitos tropeços.

De fato, a missão de Stevanovic não é nada fácil. Ele está substituindo Milovan Rajevac, um treinador que caiu definitivamente nas graças dos ganeses depois de transformar a seleção nacional que ficou a uma cobrança de pênalti de chegar às semifinais da Copa do Mundo da FIFA. Rajevac e seus antecessores, Claude Le Roy e Ratomir Dujkovic, ajudaram a trazer Gana a uma nova era, na qual o país atingiu um sucesso sem precedentes na última década.

Apesar de injusta, a comparação entre os dois sérvios é inevitável e, nesse sentido, Stevanovic é o desconhecido que está tentando escrever a própria história. Rajevac tinha um estilo tranquilo de comandar a equipe, liderando os jogadores para que eles atuassem de forma equilibrada e sólida, enquanto Stevanovic ainda não tem o mesmo nível de confiança dos seus atletas. No entanto, já está claro que ele quer deixar a sua marca, mesmo que não seja fácil igualar ou superar os feitos do compatriota.

Uma das principais tarefas de Stevanovic nesse sentido é encontrar um lugar na equipe para o maestro do meio de campo, Michael Essien. O craque já está pronto para retornar contra o Congo, mas resta saber como Stevanovic conseguirá escalar o atleta do Chelsea na faixa central do campo, já carregada de bons jogadores. Isso poderá ser decisivo para o sucesso do sérvio e para o futuro da seleção ganesa.