Postado Dom 19 Jun 2011 - 12:30
Nunca se deve abusar da palavra génio, só se deve aplicar em casos extremos como o do álbum homónimo de Bon Iver. Bon Iver - designação que tanto pode ser entendida como o pseudónimo do mentor Justin Vernon, como o nome da sua banda (as duas coisas confundem-se) - acaba de superar o que parecia inatingível no fortíssimo álbum de estreia "For Emma, Forever Ago". A façanha faz de Bon Iver o nome maior da indie-folk de hoje.
A obra brutal em menção tem como elementos de hipnose coisas tão maravilhosas como as marchas de bateria arrítmicas (engenho slowcore que conhecíamos dos Red House Painters) ou o permanente falsete de Justin Vernon que eleva a intensidade da experiência auditiva.
A guitarra acústica também vai sempre dizendo presente e a eléctrica também convém estar à mão. A guitarra pedal steel, o banjo e um saxofone kitsch estão nivelados numa irmandade de salutar. E, por cima, está aquele grande pulmão de cantor soul encaixado no corpo folk de Justin Vernon.
Mais adiante, um piano ou um outro teclado delapidam, com destreza de mestre, o diamante que ali está, no brilho contemplativo de 'Hinnom, TX' e de 'Calgary' (o primeiro single de "Bon Iver") que atiram Justin Vernon para a categoria de imortal. Caso a rendição não tenha acontecido antes, a última canção, 'Beth/Rest', é jogada de xeque-mate para qualquer par de ouvidos mais familiarizado com o mundo de folk-rock.
Um fio de ouro (inter)liga as dez faixas de "Bon Iver" e as suspende no ar, lá bem em cima, de onde a vista é arrasadora. "Bon Iver" é já um disco incontornável para 2011.