Postado Sex 29 Jul 2011 - 19:38
Um bilhão de preços
Manipulações à parte, o fato é que medir a inflação é um trabalho difícil, que emprega centenas de pessoas pesquisando preços em milhares de lugares diferentes.
Segundo Roberto Rigobon e Alberto Cavallo, isto pode ser feito muito mais facilmente, e com maior precisão, usando a internet. Para isso eles criaram o "Projeto Um Bilhão de Preços".
Ajustando um programa de pesquisa de preços pela internet, similar ao usado por sites de cotação, os pesquisadores já estão monitorando 5 milhões de itens de consumo a cada dia - em 70 países diferentes.
O projeto começou coletando preços de supermercados. A seguir foram incluídos produtos eletrônicos, roupas e móveis. Agora a lista de itens pesquisados é enorme, incluindo inclusive imóveis.
Índice de inflação da internet
A aferição do "índice de inflação da internet" está sendo feito por meio de comparações com os índices oficiais, e os resultados se mostraram muito próximos e de forma consistente, ao longo dos três últimos anos.
"A tentação é dizer que isto está se tornando um substituto para o Índice de Preços ao Consumidor," diz Cavallo. "Mas nós preferimos pensar nele como uma abordagem complementar."
Segundo o pesquisador, o governo está fazendo um bom trabalho na medição da inflação, mas o Projeto Bilhão de Preços pode revelar tendências inflacionárias mais rapidamente, abranger uma amostra de produtos maior e tornar os resultados disponíveis mais prontamente - em tempo real.
Manipulação da inflação
Cavallo, que é argentino, contou que a inspiração para a criação do projeto veio da manipulação que o governo do seu país fez com os índices de inflação nacionais, para fazer parecer que a inflação não era tão alta quanto era na realidade.
"As pessoas iam ao supermercado e viam que a inflação era muito mais alta do que o que o governo estava dizendo," conta ele. "Eu pensei que devia haver uma forma melhor de fazer isso."
Se o projeto for adotado de forma mais ampla, poderá ser o fim da capacidade dos governos de manipularem os índices, algo bastante comum em vários períodos da também na história do Brasil.
Mas há outros benefícios: "Um dos grandes benefícios que um projeto como este oferece é que você pode capturar uma dinâmica de maior frequência, que pode ser mascarada nos dados mensais", diz Neiman Brent, professor de Economia na Universidade de Chicago, que não está envolvido no projeto.
Brent acrescenta que a iniciativa se aplica à pesquisa sobre os preços em geral e não apenas aos itens que compõem a cesta de bens usada para calcular a inflação.
Ajustes necessários
O trabalho, contudo, ainda não está terminado.
Enquanto é fácil usar a internet para coletar preços de produtos eletrônicos e listas de supermercados, o mesmo não acontece, por exemplo, com os serviços de saúde, incluindo consultas e medicamentos, que dificilmente têm seus preços anunciados na internet.
Outra área na qual o Projeto ainda não é eficaz é no custo da mão-de-obra, uma vez que a remuneração dos trabalhadores vai além de um simples salário publicado em anúncios de emprego.
Inovação Tecnologia
Manipulações à parte, o fato é que medir a inflação é um trabalho difícil, que emprega centenas de pessoas pesquisando preços em milhares de lugares diferentes.
Segundo Roberto Rigobon e Alberto Cavallo, isto pode ser feito muito mais facilmente, e com maior precisão, usando a internet. Para isso eles criaram o "Projeto Um Bilhão de Preços".
Ajustando um programa de pesquisa de preços pela internet, similar ao usado por sites de cotação, os pesquisadores já estão monitorando 5 milhões de itens de consumo a cada dia - em 70 países diferentes.
O projeto começou coletando preços de supermercados. A seguir foram incluídos produtos eletrônicos, roupas e móveis. Agora a lista de itens pesquisados é enorme, incluindo inclusive imóveis.
Índice de inflação da internet
A aferição do "índice de inflação da internet" está sendo feito por meio de comparações com os índices oficiais, e os resultados se mostraram muito próximos e de forma consistente, ao longo dos três últimos anos.
"A tentação é dizer que isto está se tornando um substituto para o Índice de Preços ao Consumidor," diz Cavallo. "Mas nós preferimos pensar nele como uma abordagem complementar."
Segundo o pesquisador, o governo está fazendo um bom trabalho na medição da inflação, mas o Projeto Bilhão de Preços pode revelar tendências inflacionárias mais rapidamente, abranger uma amostra de produtos maior e tornar os resultados disponíveis mais prontamente - em tempo real.
Manipulação da inflação
Cavallo, que é argentino, contou que a inspiração para a criação do projeto veio da manipulação que o governo do seu país fez com os índices de inflação nacionais, para fazer parecer que a inflação não era tão alta quanto era na realidade.
"As pessoas iam ao supermercado e viam que a inflação era muito mais alta do que o que o governo estava dizendo," conta ele. "Eu pensei que devia haver uma forma melhor de fazer isso."
Se o projeto for adotado de forma mais ampla, poderá ser o fim da capacidade dos governos de manipularem os índices, algo bastante comum em vários períodos da também na história do Brasil.
Mas há outros benefícios: "Um dos grandes benefícios que um projeto como este oferece é que você pode capturar uma dinâmica de maior frequência, que pode ser mascarada nos dados mensais", diz Neiman Brent, professor de Economia na Universidade de Chicago, que não está envolvido no projeto.
Brent acrescenta que a iniciativa se aplica à pesquisa sobre os preços em geral e não apenas aos itens que compõem a cesta de bens usada para calcular a inflação.
Ajustes necessários
O trabalho, contudo, ainda não está terminado.
Enquanto é fácil usar a internet para coletar preços de produtos eletrônicos e listas de supermercados, o mesmo não acontece, por exemplo, com os serviços de saúde, incluindo consultas e medicamentos, que dificilmente têm seus preços anunciados na internet.
Outra área na qual o Projeto ainda não é eficaz é no custo da mão-de-obra, uma vez que a remuneração dos trabalhadores vai além de um simples salário publicado em anúncios de emprego.
Inovação Tecnologia