A maioria PSD/CDS que lidera a Câmara do Porto revelou esta quarta-feira que decidiu chumbar a proposta de dar o nome de José Saramago a uma rua da cidade porque a Comissão de Toponímia não aprovaria um nome sem ligação directa ao Porto, noticia a Lusa.

Num comunicado que acompanha uma carta enviada ao PEN Clube, «a primeira entidade oficial a questionar a autarquia sobre a matéria», a autarquia refere que a «razão principal» do chumbo é o facto de, desde 2002, «a Comissão de Toponímia apenas aceitar propor nomes de cidadãos com ligação directa ao Porto para ruas da cidade».

Ainda assim, na carta enviada ao PEN Clube português, o presidente da autarquia, Rui Rio, critica também a «postura de contorno intolerante» de Saramago. Em concreto, quando o escritor promoveu «saneamentos políticos de jornalistas» enquanto «director-adjunto do DN».

«Mas deixe que também lhe confesse, com toda a transparência que, se não existisse a regra aqui referida [o critério da Comissão de Toponímia de não dar nome de rua a quem não teve ligação direta à cidade], a minha consciência teria muita dificuldade em votar favoravelmente (...) Porque o Porto é uma terra de liberdade (...) não é compaginável com posturas de contorno intolerante ou, por exemplo, com os saneamentos políticos de jornalistas que o ilustre escritor promoveu no «Verão Quente de 75», enquanto director adjunto do DN», escreve o autarca, numa carta enviada ao PEN Clube e divulgada esta quarta-feira pelo gabinete de comunicação.

Na missiva, Rui Rio refere também que, «para quem dá grande valor aos princípios democráticos, é muito difícil ultrapassar atropelos tão graves à democracia, mesmo que em nome de um elevadíssimo mérito específico como é o caso do nosso Prémio Nobel da Literatura».

TVI24