Postado Qua 13 Jul 2011 - 10:30
Era um dia de chuva, o Marco de apenas 17 anos, apenas vivia com a sua mãe, decidiu ir passear para arejar a cabeça, depois da chatice que teve com a mãe. A sua mãe, Maria, tinha vários problemas cancerígenos, e andava sempre em tratamentos e no médico, mais uma razão para o marco querer ir arejar as ideias. Nesse mesmo dia, que Marco saiu de casa para ir arejar, a sua mãe, tinha uma consulta marcada para as 15h da tarde, e assim compareceu. Maria entrou, sentiu-se mal… As enfermeiras acudiram-na de uma forma preocupada, e descobriram o que ela tinha, era uma notícia má, muito má.
Chegou a hora do jantar, Marco jantou sozinho, sem dar falta pela sua mãe. No dia seguinte, a cama de Maria, estava intacta, almofada no sítio, cobertores arrumados, tudo intacto. Marco, começou-se a preocupar, e ligou para o hospital. A resposta da recepcionista, foi simples: “Vem cá, a tua mãe, a partir de hoje, precisará de ti, como nunca antes precisou… Vem com calma. Assim te esperamos.”. Marco chegou, o mais rápido que pôde, e soube da triste notícia… A sua mãe tem (mais) uma doença, de Alzheimer. No momento que a doutora lhe disse aquilo, ele apenas deixou-se escorrer pela parede no qual estava encostado, ficando assim, de joelhos no chão. Levou a sua mãe para casa, ainda um pouco inconsciente do acontecimento, e deitou-a na cama, pousando, cuidadosamente a sua cabeça na almofada. Dirigiu-se para o quarto, e começou a escrever:
“Mãe.. Mesmo que um dia não te lembres de quem sou, eu vou estar cá… Mesmo que me trates como um desconhecido, eu vou te dar o devido valor que não te dei, e vou-te compreender, e vou estar cá… Um dia, mais tarde, quando me perguntares «Quem és tu?», eu apenas vou sorrir, e abraçar-te. És a minha vida, jamais te esquecerei. Amo-t...”.
Não acabou de escrever o texto, e foi ver como estava a sua mãe. Não se encontrava muito bem, e decidiu enviar uma mensagem para a sua tia mais próxima, talvez o pudesse ajudar. “Tia, sou eu, o Marco. A minha mãe tem Alzheimer, preciso de alguém aqui comigo, não consigo tratar de tudo sozinho… Como lhe ensinarei a comer? Como lhe ensinarei a escrever? Como lhe ensinarei a caminhar? Tudo isso, foi ela que me ensinou… Ajuda-me, por favor. Beijos.”. A tia não deu resposta, passado uma hora, tocaram à campainha da casa de Maria, era ela, a tia.
- Marco, tem calma… Tudo se vai resolver, eu estou cá para te apoiar no que precisares. E tu, és corajoso, vá, não fiques assim. Ergue essa cabeça… Já devias saber que, mais tarde ou mais cedo, isto podia acontecer. Foi a mesma coisa com a tua falecida avó.
- Tia, ter calma? Eu não aguento isto… É demais para mim. Não tenho força para tal, eu não sou capaz, eu não…
- Marco, vai para o teu quarto, que eu vou falar com a tua mãe, e depois falamos.
(Passaram alguns anos, Maria já tinha ultrapassado a doença, já sorria como uma criança e acima de tudo, recordava-se do seu filho, Marco.)
Maria, passou a viver sozinha, já tinha a sua vida normal, como antigamente. Marco, estava noivo. Casava-se em breve… Em arrumações que Maria fazia, preparando a festa em sua casa, encontrou um papel amachucado, na gaveta das meias de Marco, que era, nem mais nem menos, do que Marco tinha escrito quando soube da notícia da mãe. Maria, ao ler aquilo, começou a chorar, e ficou ainda com mais garra para tratar da cerimónia.
No dia da cerimónia, no “momento da verdade”, ambos aceitaram ficar juntos até ao fim das suas vidas. No almoço, Maria quis falar perante todos os convidados:
“Desculpem estar-vos a incomodar, mas eu tenho de agradecer e homenagear ma pessoa. Marco, meu filho, meu orgulho de viver, quero-te agradecer por tudo o que fizeste por mim, por todas as tentativas de ensinamento devido à minha doença, até aquele papel amachucado que estava na gaveta das tuas meias (risos). Desculpa-me por esta doença, por nunca te ter feito um criança feliz, por todas as brincadeiras que passamos, acima de tudo, por estares comigo ainda hoje! Amo-te meu filho.”.
As pessoas ergueram-se, e começaram a aplaudir as palavras daquela mãe, que já passou por tanto, e que ainda hoje, vive rijamente.
(Passaram dois meses após o casamento de Marco)
- Ela não merecia… Depois de tudo o que lutou para sobreviver? De todas as batalhas que se sagrou vitoriosa? Não é possível.
No dia do trágico funeral, Marco recebeu os sentimentos de todas as pessoas que tinham a amizade de Maria, sua falecida mãe, que ultrapassou muito para puder viver até ao dia de ontem.
Ao lado de Maria, dentro do caixão, encontrava-se uma rosa branca e outra vermelha, juntamente com o papel amachucado escrito por Marco. Tiraram os casacos pretos que todos levavam, e mostraram o que estava escrito na camisola: “Até Sempre, Maria!”, logo de seguida, largaram balões brancos, e bateram palmas.
A vida, infelizmente, prega-nos partidas, sobretudo,
quando menos esperamos.
quando menos esperamos.